quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sociedade da Informação e do Conhecimento

A Sociedade da Informação e do Conhecimento proporciona uma nova visão, um novo conceito: knowledge organizations ou organizações do conhecimento, mostrando que, segundo o seu próprio criador, Sveiby (1998) “Para enxergar a organização do conhecimento, os gerentes devem procurar ver suas organizações como se elas consistissem de estruturas de conhecimento e não de capital”, valorizando a abordagem cognitiva organizacional baseada no comportamento do ser humano, melhor contextualizando, na importância estratégica do capital intelectual destas organizações.

De acordo com Fialho e Carvalho (2005), resumindo Nonaka (1997), Senge (1998), Stewart (1998) e Sveiby (1998), “A Gestão do Conhecimento está intimamente ligada ao conceito de capital intelectual, aquele que não está nas máquinas ou produtos de uma organização e sim nas pessoas que lá trabalham ou, mais precisamente, dentro de suas mentes. Uma das propostas desse novo sistema de gestão é mapear o conhecimento e transmiti-lo a toda organização. Essa seria a meta ideal da gestão do conhecimento, compartilhar as idéias, valores e imagens individuais uns com outros”.

Mas para compreender a Gestão do Conhecimento, faz-se necessário inicialmente compreender o próprio conceito do termo conhecimento:

Peter Drucker (2002; 32): “O conhecimento, como o consideramos hoje, é comprovado por meio da ação. O que atualmente significa conhecimento é a informação que se efetiva em ação, a informação focalizada nos resultados. Esses resultados são vistos fora da pessoa – na sociedade e na economia, ou no progresso do conhecimento em si”.

Davenport e Prusak (1998; 6) definem conhecimento como: “... uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma ser embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais”.

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997; 1), por criação do conhecimento organizacional, entende-se a capacidade de uma empresa criar novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas. (...) o conhecimento desempenha um papel importante na conquista da vantagem competitiva.

Sinteticamente a gestão do conhecimento pode ser vista como o conjunto de atividades que busca desenvolver e controlar todo tipo de conhecimento em uma organização, visando à utilização na consecução de seus objetivos. Este conjunto de atividades deve ter como principal meta o apoio ao processo decisório em todos os níveis. Para isto, é preciso estabelecer políticas, procedimentos e tecnologias que sejam capazes de coletar, distribuir e utilizar efetivamente o conhecimento, representando fator de mudança no comportamento organizacional (Moresi: 2001; 37).

Fica evidente que é através do processamento dos dados e a transformação destes em informação que dão estrutura ao conhecimento e, conseqüentemente, a base de toda a transformação das relações sociais e no sistema produtivo, mas para processar e vencer o grande desafio de transformar as informações em conhecimento e no desenvolvimento de novas competências é necessário utilizar, conforme Nonaka & Takeuchi (1997) além do conhecimento explícito, aquele que é processado por computadores, que pode ser transmitido eletronicamente, armazenado em banco de dados, materializado em livros, revistas, periódicos, etc, o conhecimento tácito, altamente subjetivo e de difícil processamento, pois está relacionado com idéias, fato, suposições, pontos de vista, decisões, etc.

Os autores Nonaka & Takeuchi (1997) revelam que “Para que possa ser comunicado e compartilhado dentro da organização, o conhecimento tácito tem que ser convertido em palavras ou números que qualquer um possa compreender, e é exatamente durante esse processo de conversão de tácito para explícito que o conhecimento organizacional é criado (...) entender o conhecimento tácito representa transformar a organização em um organismo vivo, no lugar de apenas uma máquina de processamento de informações”. Esses autores destacam quatro processos de conversão do conhecimento: Explicito para o Explícito = Combinação; Explícito para o Tácito= Internalização; Tácito para o Tácito = Socialização; Tácito para o Explícito = Externalização.

Faz-se importante também para o estudo da Gestão do Conhecimento nas organizações a contribuição de Choo (1998) sobre o conhecimento cultural , que trata sobre como as estruturas afetiva e cognitiva que são usadas habitualmente pelos membros de uma organização para perceber, explicar, avaliar e construir a realidade, incluindo suposições e crenças (...), bem como as convenções e expectativas utilizadas para atribuir valor e significado à informação nova. Estes valores, crenças e normas compartilhados estabelecem o referencial em que os membros de uma organização construam a realidade, reconheçam uma informação nova e avaliem interpretações e ações alternativas.

Ora, diante de tantos desafios fica evidente que não basta apenas ter dados e informações, mas é necessário saber como transformar estes dados em informações e as informações em conhecimento, comunicação, decisões e em novas competências num ambiente marcado pelas tecnologias da informação. Conforme destacou Rodrigues (2003) “Em face da instabilidade e da agressividade do mercado atual, muitas empresas investem boa parte de sua energia - e de seu dinheiro - buscando formas de acompanhar as mudanças que ocorrem fora de seus muros. Um incômodo agravante é que a velocidade das mutações externas vem se mostrando cada vez maiores que a capacidade das corporações as compreenderem a tempo de realimentarem suas estratégias. Para tanto, devem estar em dia com a excelência humana, tecnológica e processual, de forma a assegurar comunicação plena, decisões rápidas e ações precisas em suas engrenagens. Frente a constantes desafios, contam com velhos aliados nos campos da competitividade: tecnologia de informação (TI) e capital intelectual. A performance dessa dobradinha definirá se a empresa irá sucumbir às pressões externas, acompanhá-las ou antecipar-se a elas, a partir do Nirvana desejado pela moderna administração: a Inteligência Organizacional – ou IO”.

A Era da Informação e do Conhecimento

O acelerado processo de transformação imposto a sociedade nas últimas décadas deixa evidente que “Tanto no cenário mundial quanto no do Brasil, vive-se uma palavra de ordem que cerca, impulsiona, agride e até sufoca o indivíduo. Esta palavra é MUDANÇA. Vivencia-se uma nova ordem que tem suas bases nas mudanças paradigmáticas (...) do ponto de vista social, econômico, cultural, político, tecnológico...” (Borges: 2000; 25).

Essa mudança que ocorre no dia a dia das pessoas, das organizações e da própria sociedade é o marco de uma transformação maior, é a mudança da Sociedade Industrial para a Sociedade da Informação e do Conhecimento. Um marco histórico imponente não apenas por exigir um esforço concentrado no gerenciamento de informações complexas e caóticas, mas, sobretudo, por exigir que estas informações se transformem em conhecimento, fluam dentro das organizações, possibilitem a leitura dos ambientes e, conseqüentemente, forneçam as bases para a tomada de decisão e para a geração de novas competências.

Posicionar-se diante de uma mudança tão acelerada, conhecer o ambiente interno pelo uso da Gestão do Conhecimento, relacionar-se com o ambiente externo e selecionar as informações necessárias (tangíveis e/ou intangíveis) para a tomada de decisão, por é um dos mais complexos desafios da atualidade, até porque “O mundo virtual fez profundas alterações, principalmente nas concepções de espaço e tempo. Não há mais distância, território, domínio e espera: vive-se o aqui e o agora. O virtual usa novos espaços, novas velocidades, sempre problematizando e reinventando o mundo. A virtualidade leva também a passagem do interior ao exterior, e do exterior ao interior – os limites não mais existentes e há um compartilhamento de tudo. Os dois bens primordiais do ponto de vista econômico com características próprias e diferenciadas dos outros bens são a informação e o conhecimento, pois o seu uso não faz com que acabem ou sejam consumidos” (Borges: 2000; 28).

Nesse sentido a Gestão do Conhecimento, e no seu âmago, o próprio conhecimento torna-se o principal (e mais moderno) ativo para a tomada de decisões, mas para isso não basta apenas unir a informação à tecnologia, faz-se necessário trabalhar eficientemente o fluxo do conhecimento e a relevância deste para um melhor posicionamento estratégico diante dos desafios internos e da ávida concorrência externa.

Compreender o contexto em que o mundo se transforma, como ocorre a adaptação da sociedade as novas tecnologias (cada vez mais inovadoras e revolucionárias), os benefícios da aceleração dos processos proporcionados, principalmente, pelos meios de transmissão de informação e conhecimento e como isto afeta o dia-a-dia dos tomadores de decisão em uma organização é um desafio diário. Não se trata apenas de uma evolução, mas de uma revolução no modo de fazer as coisas, na maneira de pensar ou de construir o arcabouço teórico que proporcione a melhoria da qualidade de vida da sociedade e das organizações.

Cabe observar que não apenas a informação é importante, mas também observar como deve ser a Gestão do Conhecimento e como esta gestão pode agir para a melhoria da performance da organização, já que “As entidades responsáveis pela tomada de decisões na empresa e as suas divisões operacionais necessitam de uma coesão forte perante um ambiente competitivo onde, muitas vezes, o não investimento tem custos superiores ao investimento” (Gouveia: 2000; 02).